12 de fevereiro de 2008

Auto da Barca do Inferno

Gil Vicente representou esta peça de teatro na corte do rei Dom Manuel, quando a rainha estava doente e sem vontade de rir.

A peça começa com um Diabo a dizer que a maré está boa para navegar.

Entretanto, chega um Fidalgo e pergunta onde vai aquela barca e começa a fazer muitas exigências. O Diabo vai dizendo que aquela barca conduz os passageiros ao Inferno. Perante tal notícia, o Fidalgo dirige-se à barca do Anjo, mas em vão. E, voltando à barca do Inferno, embarca.

Chega um Agiota.

O Diabo dá-lhe as boas-vindas e até lhe chama parente. O Diabo critica-o por ele não se livrar do dinheiro. Mas o seu grande pecado foi por emprestar pouco e ganhar uma montanha de massa, explorando os mais humildes. Até que se chateia e vai à barca do Anjo, prometendo-lhe dinheiro para que o passasse para o outro lado.

Mas teve que voltar para a barca do Inferno e lá encontrou o Fidalgo e começa a insultá-lo.

Chega um Parvo e pergunta qual é a barca dos tolos.

Usa uma linguagem muito cómica, parece mesmo um tolo a falar para o Diabo. Não satisfeito com o que viu, vai a barca do Anjo e diz-lhe que não é ninguém; e o Anjo acha que todo o mal que ele fez não foi feito por maldade. Assim convida-o a entrar e embarcou.

É a vez de um Frade. Depois de trocarem argumentos acerca do que fez em terra, o Diabo diz-lhe para entrar, porque parece que não se tinha portado muito bem.

Os Quatro Cavaleiros, que tinham perdido a vida a lutar pela pátria, foram directamente para a barca do Anjo.

Entraram ainda na Barca do Inferno uma Alcoviteira, um Procurador e ainda mais um Sapateiro, um Enforcado, um Corregedor, que muito tinha roubado os humildes.

3 de fevereiro de 2008

Eça de Queirós, Os Maias

(Este resumo foi feito por mim a partir de uma adaptação de José Luís Peixoto. No próximo fim de semana sairá outro livro no semanário Sol, desta vez uma peça de teatro de Gil Vicente, o "Auto da Barca do Inferno).

Esta é uma das histórias mais complicadas que já li e que se passou há muito tempo.

Os Maias eram uma família rica da Beira, composta pelo avô, Afonso da Maia, e pelo neto Carlos da Maia que foram viver para a Casa do Ramalhete, em Lisboa. O avô, Afonso, era muito rigoroso, mas também muito amável e foi com esse rigor que educou Carlos.

Pedro da Maia era filho de Afonso e de Maria Eduarda, que emigraram para Inglaterra. Pedro era muito mimado pela mãe, nunca saía à rua nem brincava com outros meninos da mesma idade. Maria Eduarda acabou por morrer e Pedro ficou muito triste pela morte da mãe.

Pedro só deixou a tristeza quando se apaixonou por Maria de Monforte. Afonso, seu pai não gostou, mas acabaram por se casar. Tiveram uma menina, que lhe puseram o nome da mãe e depois um rapaz.

Maria de Monforte conheceu um italiano e apaixonou-se por ele. Decidiu fugir para Itália levando consigo a sua filha. Pedro ficou novamente muito triste. Tinha perdido a mulher e a filha. Pedro quase enlouqueceu e pôs fim à sua própria vida. O filho de Pedro, Carlos, era muito pequeno e nem percebeu o que tinha acontecido. O Avô Afonso, não conseguiu permanecer naquela casa e mudou-se para Santa Olávia. Em contacto com a natureza o seu neto poderia desenvolver-se mais saudavelmente, ao estilo de uma educação inglesa. Queria dar a educação ao neto que não tinha podido dar ao filho. Havia uma rigidez muito grande, no horário das refeições, no estudo, e outras coisas, mas era criança feliz. Quando terminou o liceu foi estudar para Coimbra e lá se formou em medicina. Lá conheceu João da Ega, seu grande amigo.

Na festa final de curso o avô Afonso estava muito orgulhoso de um neto assim e decidiu voltar a morar no Ramalhete.

Carlos passou cerca de um ano a viajar pela Europa como recompensa. Carlos no regresso abriu um consultório no Rossio. Num dos dias em que Carlos não tinha que fazer, o seu amigo de sempre, Ega, entrou no consultório com mais uma das suas ideias originais: propunha que escrevessem “Memórias de um Átomo” e que iria contar toda a história da Humanidade até ao presente.

No Ramalhete faziam-se grandes serões e por Lisboa havia grandes jantares e festas. Foi num desses jantares que Carlos viu pela primeira vez uma linda mulher, bonita como uma deusa, acompanhada pela sua filha. Esta era casada pela segunda vez com Castro Gomes. Carlos não conseguia esquecer aquecer aquela mulher, que se chamava Maria Eduarda que tanto o fascinara.

Certo dia Carlos foi chamado para assistir uma criança e imaginem que era filha de Maria Eduarda. Aqui começou um inevitável romance de Carlos com Maria Eduarda.

Até que um dia Ega chega desesperado ao Ramalhete e conta-lhe que Castro Gomes descobriu a relação de Carlos com a sua mulher. Até que Castro Gomes decide abandonar Maria Eduarda e vai para o Brasil. Carlos tem longas conversas com Maria Eduarda e cada vez se tornavam mais íntimos. Até que um dia declarou que a amava e a paixão aumentava entre os dois.

Entretanto Castro Gomes recebeu uma carta anónima no Rio de Janeiro que dizia que Carlos e Maria Eduarda eram amantes. Castro Gomes decide confrontar Carlos com aquela denúncia, a que este assume a situação. Para seu grande espanto, Castro Gomes diz que nunca se tinha casado com Maria Eduardo, eram amantes.

Por causa desta carta entra em cena o senhor Guimarães. Este diz que conhecia bem a mãe de Carlos e falou-lhe da sua irmã. Ega nada sabia. Sem ser por mal, o senhor Guimarães diz a Ega que Maria Eduarda era irmã de Carlos. Ega ficou aterrorizado com a situação. Carlos ficou completamente transtornado e tentou que o avô esclarecesse, mas em vão. Perante isto o avô não resistiu e morreu no jardim.

Carlos foi ter com Maria Eduarda a Santa Olávia e contou-lhe.

Perante isto Carlos decidiu partir numa longa viagem de dez anos. Regressou, desencantado, e em conversa com Ega dizem que “não vale a pena fazer um esforço, correr com ânsia para coisa alguma” e apanharam o eléctrico.

Guilherme Faria